A técnica de armazenar as células-tronco do dente de leite ainda é nova no Brasil e gera muitas dúvidas. Isso porque a maior parte das pessoas não sabe qual é a utilidade dessas células.
Apesar disso, muitos pais têm optado por conservar as células-tronco dos dentes de leite de seus filhos, pois acreditam que pode fazer toda a diferença no futuro deles, caso desenvolvam algum tipo de doença.
As células-tronco são células que têm a capacidade de se autorrenovar, dando origem a outras células-tronco, que, por sua vez, têm o potencial para se tornarem outras células com funções específicas no corpo humano, desde que sejam estimuladas corretamente.
Neste post, vamos explicar por que armazenar as células-tronco do dente de leite de seu filho e como o processo é realizado. Acompanhe!
Por que conservar as células-tronco do dente de leite?
Os dentes de leite são uma fonte riquíssima de células-tronco mesenquimais. As propriedades desse material biológico são capazes de contribuir para a regeneração de diversos tipos de tecidos do corpo humano. Alguns tecidos que podem ser regenerados com a ajuda das células-tronco do dente de leite são: ossos, cartilagem e tecido muscular, cardíaco, pele e a superfície ocular.
A grande vantagem do armazenamento dessas células é que elas são imunocompatíveis, ou seja, podem ser utilizadas tanto para a cura de doenças do doador quanto por parentes de primeiro grau como pais, irmãos e filhos. O mais interessante dessas células é que elas são jovens e de excelente qualidade e quantidade. Por isso, são uma aposta da medicina para a futura cura de doenças degenerativas.
Como as células-tronco do dente de leite podem ser utilizadas na medicina?
Os estudos da medicina comprovam que esse material biológico pode ser utilizado tanto para a cura de certas doenças quanto para pesquisas, com o objetivo de entender alguns tipos de doenças e desenvolver medicamentos eficazes. Uma das metas da classe médica ao estudar esse tipo de material é poder compreender melhor o autismo, como ele se origina e se há formas de contornar ou melhorar a vida dos pacientes com esse tipo de transtorno.
No mais, essas células-tronco podem ser utilizadas no tratamento de doenças raras, ainda incuráveis nos dias de hoje como o Mal de Alzheimer e o Mal de Parkinson. A medicina também está realizando pesquisas para o uso desse material no tratamento de lesões na córnea, enxertos ósseos.
Também são analisados outros problemas de saúde, como:
- diabetes tipo I;
- insuficiência cardíaca;
- infarto agudo;
- derrame;
- trauma raquimedular;
- doenças hepáticas;
- reconstrução de córnea de tecidos destruídos por radioterapia ou quimioterapia;
- patologias autoimunes, como artrite reumatoide, lúpus, esclerose múltipla, miastenia, distrofia muscular e esclerose lateral amiotrófica.
Outra grande questão da atualidade que pode ser resolvida com o uso das células-tronco dos dentes de leite é a dificuldade de encontrar doadores de órgãos compatíveis. Nesses casos, a pessoa fica anos na fila de espera e, muitas vezes, não consegue o tratamento. Com as pesquisas com esse tipo de célula, as crianças poderão ter futuramente, à sua disposição o “autotransplante”.
Qual a diferença entre as células-tronco do dente de leite e do cordão umbilical?
Embora tanto dentes quanto o cordão umbilical sejam fontes de células-tronco, elas são de linhagens distintas e têm aplicações diferentes. O material colhido do cordão umbilical é chamado de hematopoiético e não possui a capacidade de multiplicação. Além disso, ele só pode ser utilizado para a cura de doenças como anemias, linfomas e leucemia, por exemplo, pois dá origem apenas a outras células de linhagem sanguínea.
As células retiradas dos dentes de leite são conhecidas como mesenquimais e têm um grande poder de multiplicação. Elas são versáteis e se transformam em diversos tipos de células e, por isso, poderão ser utilizadas para a cura de diversas doenças.
Como é feita a coleta dessas células?
A coleta pode ser feita em consultório odontológico, mas o profissional deve ser habilitado e autorizado pela Anvisa a realizar o processo. As células são retiradas da polpa do dente e o procedimento é feito na fase da troca da dentição da criança — que ocorre entre os 5 e 12 anos de idade.
Após o material ser coletado, é feito um teste para verificar a pluralidade e capacidade de renovação das células. Vale ressaltar que o procedimento deve ser realizado quando o dente da criança ficar mole, pois, quando o dentinho cai, já não tem mais células-tronco vivas.
Como funciona o armazenamento?
O armazenamento das células tronco do dente de leite é feito em centros de tecnologia específicos, que são devidamente autorizados pela Anvisa a oferecer esse tipo de serviço. Os dentes de leite são armazenados em tubos e mantidos a uma temperatura de -196 graus. Eles podem permanecer guardados por tempo indeterminado, mas, caso a temperatura seja superior a -196 graus, as células tronco não serão mantidas vivas.
O processo de coleta das células do dente de leite é caro?
Como esse serviço ainda é novo no país, não existem muitas empresas que oferecem a armazenagem desse tipo de material. Também não há muitos dentistas credenciados, aptos a realizar o procedimento de coleta, que, apesar de não ser invasivo, demanda conhecimentos específicos. Isso porque, se a poupa do dente for contaminada, as células perderão sua utilidade.
Apesar do armazenamento de células-tronco estar envolvido com toda uma tecnologia, o preço desta técnica não é caro e, além disso, a mesma pode ser paga parceladamente, sem contar que, os benefícios que isso pode trazer para o futuro de seus filhos, valem a pena. Com os avanços da medicina, as pessoas estão vivendo cada vez mais e buscando qualidade de vida acima de tudo.
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